No último texto que escrevi sobre a atual novela das nove,elogiei a guinada da trama com a vingança da Norma. Mas infelizmente a alegria não durou muito. Não completou nem quatro semanas e a novela voltou ao seu tradicional marasmo de sempre.
A trajetória da sofrida personagem interpretada magistralmente pela Glória Pires, estava sendo contada de uma forma muito interessante. Mesmo que lentamente, vimos uma mulher ingênua sendo enganada por um sujeito frio e ambicioso. Esse homem é o vilão Léo, sendo feito pelo Gabriel Braga Nunes, que embora esteja bem, não é esse ator extraordinário que muitos dizem. Após ser presa e humilhada, sua vingança era a situação mais esperada da novela.
A cena em que Norma se revela pra Léo na mansão do finado Teodoro (Tarcísio Meira), retirando o véu do rosto,foi sensacional. A partir daí vimos ótimas sequências de constantes humilhações e a derrocada do mau-caráter. Mas após umas duas semanas,a vingança já estava cansando e se repetindo. E pra culminar, vimos, recentemente, a técnica em enfermagem cair novamente na lábia do dissimulado.Alguns alegam que esse é o tal "insensato coração" do título da obra. Errado. Insesatez é sinônimo de inconsequência e não de burrice. É inexplicável que uma mulher que aprendeu a ser forte e usou de extrema frieza para chegar ao ponto em que chegou, vire novamente uma perfeita idiota. A obsessão dela pelo Léo é perfeitamente aceitável e plausível, por isso mesmo o interesse em não delatá-lo à polícia não é nada de absurdo. E querer tê-lo sempre sob seus "domínios" idem. Mas aceitar se casar,tratá-lo com "carinho" e dar dinheiro para ele fazer o que bem entender, desculpem, mas é abusar da inteligência do telespectador.
Outro ponto interessante era a prisão do Cortez (ótimo Herson Capri). O que estava sendo bom, acabou caminhando para cenas repetitivas e situações absurdas. Estava maçante vermos as mesmas sequências dele na prisão recebendo visita do advogado e da chatíssima Nathalie. A condenação do banqueiro rendeu cenas constrangedoras. A população nas ruas pedindo, e depois comemorando, a prisão de um banqueiro(!); além do Cortez ter chamado uma testemunha (Eunice-Debora Evelyn) de vagabunda e nada ter ocorrido. Mas a fuga de helicóptero, ao som de "Que país é esse?" do inigualável Renato Russo, foi uma boa cena e claramente inspirada no traficante Escadinha que também utilizou esse recurso nada comum.
A homofobia está sendo muito bem abordada. É importante mostrar como as autoridades tratam com descaso esse tema, onde quase sempre vemos os agressores, ou assassinos, ficando impunes. Thiago Martins convence como o violento Vinícius, apesar de cometer exageros em algumas situações. Infelizmente o casal de homossexuais teve praticamente todas as cenas cortadas por imposição da emissora. Pena,já que era um dos poucos acertos dessa novela. Obviamente que a empresa sofreu pressões para interferir. Basta vermos as pesquisas realizadas que mostram que 55% da população ainda é contra esse tipo de romance.
O resto da trama não tem mais muito o que falar. Quem ainda aguenta as cenas da Carol com o André, ou dela com a irmã, ou dele com a Leila, ou de ambos sozinhos? E o casal "Lexotan" de protagonistas? Marina e Pedro continuam cada vez mais entediantes. As bobagens envolvendo a Nathalie também já se esgotaram faz tempo. Douglas e Bibi fazem sucesso, não há dúvidas, mas, convenhamos, não há nada de cômico naquelas cenas extremamente repetitivas.O Gabino e seu bar nunca tiveram nada de interessante a nos mostrar. A coitada da Nathalia Timberg não terá vez! Vitória é uma personagem sem nenhum tipo de conflito e sempre funcionou como coadjuvante de luxo. Como "Insensato Coração" vai se comportar em seus momentos finais, fica difícil de adivinhar,mas uma coisa é certa: tirando a Tia Neném e a Jandira, interpretadas divinamente por Ana Lucia Torre e Cristina Galvão, não sobram muitos personagens interessantes...
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